São Paulo – Entre as dezenas de ervas utilizadas nos rituais umbandistas, a alfavaca (Ocimum basilicum) ocupa posição de destaque, sobretudo quando o objetivo é oferecer ao iniciante uma prática segura de limpeza e equilíbrio energético. Conhecida fora do contexto religioso como manjericão-de-comer, a planta é apontada por sacerdotes e estudiosos da religião como um recurso de “alta vibração” que atua de forma suave no campo áurico.
No universo da Umbanda, o banho de ervas não se limita à higienização física: trata-se de instrumento destinado a remover tensões, harmonizar a mediunidade e preparar o praticante para atividades espirituais. No caso da alfavaca, o ritual é classificado como um “banho de paz”. Sua ação principal consiste em desfazer miasmas – acúmulos sutis de energia considerados nocivos – sem provocar o impacto de ervas tradicionalmente rotuladas como quentes, a exemplo da arruda ou da guiné.
Quem ingressa em um terreiro costuma chegar carregado de dúvidas, receios e influências do cotidiano. Por essa razão, dirigentes costumam indicar a alfavaca como primeiro contato com a chamada “farmácia da mata”. Quatro argumentos sustentam a recomendação:
Na classificação vibratória adotada em muitos terreiros, a planta está ligada principalmente a Oxalá, considerado o orixá da criação e da serenidade, e a Iemanjá, associada à purificação e ao acolhimento. A correspondência simbólica é descrita da seguinte forma:
Em menor escala, a erva também dialoga com Obaluayê e Nanã Buruquê, ambos ligados a processos de cura e transmutação.
Dentro da sistemática umbandista, as ervas podem ser chamadas de quentes, mornas ou frias, sempre em referência ao impacto etéreo, e não à temperatura da infusão. A alfavaca ocupa posição intermediária: embora possua frequência capaz de romper formas-pensamento negativas, produz efeito calmante, típico do grupo das chamadas “frias”.
Técnicos da religião apontam três situações principais:
Entre praticantes recentes, são frequentes confusões com plantas de nomes ou cheiros semelhantes. As mais citadas são:
Identificar corretamente a planta é etapa considerada básica para evitar resultados indesejados.
A Umbanda trabalha com dois procedimentos principais, ambos válidos desde que ocorra ativação – termo que define a liberação do axé (energia vital) contido nas folhas.
Nesse método, indicado como preferencial, o praticante amassa as folhas em água à temperatura ambiente. Durante a fricção, a clorofila tinge o líquido, sinalizando transferência de princípios ativos. Sacerdotes orientam a conduzir o processo em estado de serenidade, realizando prece ou mentalização voltada à paz.
Quando somente o material desidratado está disponível, recomenda-se ferver a água, desligar a fonte de calor e, então, acrescentar a planta. A vasilha deve permanecer tampada de 15 a 20 minutos, a fim de preservar os óleos essenciais desprendidos no vapor.
Em ambos os casos, é habitual usar aproximadamente dois litros de água para um punhado generoso da erva. Dirigentes alertam que a qualidade da água (mineral, filtrada ou de chuva) influencia no resultado energético.
A regra geral na Umbanda determina que líquidos de descarrego pesados sejam direcionados do pescoço para baixo, resguardando o chakra coronário. Entretanto, por carregar frequência associada a Oxalá, a alfavaca pode ser estendida à cabeça, desde que o praticante se sinta confortável. Nas primeiras experiências, lideranças sugerem testar pela ordem tradicional e, gradualmente, avaliar sensações.
A prática é considerada mais eficaz:
Antes do banho ritualístico, o adepto realiza higiene comum para assegurar que somente a porção espiritual seja trabalhada.
Especialistas indicam não utilizar toalha nem sabonete depois da aplicação, a fim de evitar remoção da película energética. A orientação é permitir secagem natural ou vestir roupas leves que não retirem a umidade residual.
As sobras vegetais devem ser devolvidas à natureza – canteiro, jardim ou vaso – ou descartadas em lixo orgânico, sempre acompanhadas de agradecimento verbalizado. A conduta reforça o princípio de respeito ao reino vegetal.
Embora a alfavaca funcione de maneira autônoma, há composições utilizadas para finalidades específicas. Três delas são citadas com maior frequência em terreiros:
Entrevistas com praticantes apontam questionamentos recorrentes. Entre eles:
Líderes religiosos enfatizam que a força da fé direciona a eficácia do processo. Durante o preparo e a aplicação, aconselha-se manter foco na sensação de paz pretendida, utilizar palavras de propósito claro e evitar pressa ou irritação. A oração pode ser espontânea, desde que exprima gratidão e pedido de equilíbrio.
Depois de experimentado o banho de alfavaca, iniciantes são incentivados a estudar gradualmente outras ervas. Exemplos indicados por sacerdotes incluem louro e canela para prosperidade, e arruda ou guiné para proteção intensa. A recomendação é sempre respeitar características individuais de cada planta e observar orientações de preparo e intervalo.
O banho de alfavaca apresenta-se, portanto, como recurso de baixo custo, ampla disponibilidade e efeitos reconhecidos no controle de ansiedade, restauração do ânimo e preparação para atividades mediúnicas. Por reunir qualidades de limpeza, harmonização e proteção leve, consolidou-se como etapa inicial na rotina de autocuidado espiritual de muitos adeptos da Umbanda no Brasil.
Mais informações podem ser encontradas no site da Fucesp.
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